14 de abr. de 2016

As Nobres Verdades.

De acordo com o budismo, durante a sua iluminação, Siddarta compreendeu as causas do sofrimento e os caminhos necessários para eliminá-lo. Estas descobertas tornaram-se conhecidas como as Quatro Nobres Verdades, que são o coração dos ensinamentos budistas. Com a realização dessas verdades, um estado de suprema liberação, ou nirvana, é acreditado ser possível ao alcance de qualquer ser. O Buda descreve o nirvana como um estado perfeito de paz mental livre de toda ignorância, inveja, orgulho, ódio e outros estados aflitivos. Nirvana é também conhecido como o fim do ciclo samsárico, em que nenhuma identidade pessoal ou limites da mente permanecem.


As Quatro Nobres Verdades, de acordo com os textos canônicos, são a Verdade do Sofrimento, a Verdade da Causa do Sofrimento, a Verdade da Extinção do Sofrimento e a Verdade do Caminho de Oito Aspectos para a Extinção do Sofrimento.

Sofrimento

A importância da Verdade do Sofrimento (dukkha-satya, dukkha-sacca) é a necessidade primordial de ver a realidade como é. Em termos do absoluto, o relativo é incompleto, repleto de contaminações e sofrimentos.

Há oito espécies de sofrimento: nascimento, velhice, doença, morte, contato com o que detestamos, separação do que amamos, objetivos inalcançáveis e o sofrimento inerente ao apego aos cinco agregados (elementos psicofísicos: forma - rupa,sentimentos - vedana, percepção - samjna, sanna, constituintes mentais - samskara, sankhaara e consciência - vijnana, vinnana. Coletivamente são chamados de numa (nome) e rupa (forma). Assim o composto de nome-forma é um sinônimo dos cinco agregados. Tanto os agregados físicos como mentais são caracterizados pela impermanência, sofrimento e não-eu.

Causa do Sofrimento

Na Verdade da Causa do Sofrimento (samudaya-satya, samudaya-sacca) a palavra da Índia traduzida como "causa" significa "vir junto, formar-se conjuntamente e surgir, aparecer". O Sutra considera apego como a causa do sofrimento. Há três tipos de apegos:

Apegos sensuais, dos cinco desejos ou seja, dos desejos resultantes dos objetos dos cinco sentidos. 

Apego mundano.

Apego por existência se refere a existência superior, nos níveis celestiais, de renascimento nesses estados. É ainda um aspecto egoista.

Apego à não-existência é o desejo pelo nada, como condição de paz interior, considerado egoísta. Alguns traduzem não existência como apego à prosperidade desde que a palavra Vibhara também pode ter esse sentido. Os comentários tradicionais interpretam como não-existência e é nesse sentido que aqui interpretamos.


Extinção do Sofrimento

O Sutra define a Verdade da Extinção do Sofrimento (nirodha-satya, nirodha-sacca) como a eliminação dos apegos e o estado de Nirvana.

Sutras primitivos descrevem Nirvana como eliminação das máculas, extinção da ganância, raiva e ignorância. Neste contexto a extinção do sofrimento é Nirvana.

O Caminho


O “Caminho do Meio” foi ensinado por Sidarta Gautama, o Buda ( O Desperto) há mais de 2.500 anos atrás. Este caminho, procura evitar todos os extremos, levando o homem a viver uma vida baseada na prudência, retidão, sabedoria e meditação. Também conhecido como Nobre Caminho Óctuplo, não pode ser considerado simples mandamentos budistas, pois não foram inventados por Buda. Ele apenas explicou, detalhou e divulgou para todos os interessados, qual a via que leva o homem à libertação da dor e do sofrimento. Esta via contempla oito aspectos do comportamento humano a saber:

A Verdade do Caminho (marga-satya, magga-sacca) se refere á extinção do sofrimento, ao caminho de prática e ao nirvana. Conhecido como O Caminho Nobre de Oito Aspectos ou Oito Passos (arya-astangika-marga, ariya-aatthangika-magga). Embora estudados individualmente cada aspecto faz parte de um todo orgânico e indivisível.

Ponto de Vista Correto - sabedoria e compreensão das Quatro Verdades Nobres e da Origem Interdependente. Alguns consideram como Fé Correta, para os de pouca experiência que ainda não adentraram o nível da sabedoria superior.

Pensamento Correto - pensamento ou determinação que precede ação ou fala. Para uma pessoa ordenada é a prática do pensamento correto através da mente cada vez mais gentil, compassionada e pura. Para os leigos é pensar corretamente sobre sua situação e agir determinadamente de acordo.

Fala Correta - surge do pensamento correto. Não mentir, não usar linguagem pesada, não falar mal dos outros, não caluniar, não falar frivolamente e usar a fala beneficiando a todos e conduzindo à harmonia, pela ternura que nutre a todos os seres.

Ação Correta - surge do pensamento correto. Não matar, não roubar, não cometer adultério. É praticar boas ações como a de proteger e cuidar de todos os seres, observando os valores éticos.

Meio de Vida Correto - conduta correta na maneira de viver, de se manter, com hábitos regulares e saudáveis de dormir, comer, trabalhar, fazer exercícios, descansar. Viver de maneira a melhorar a saúde, ser mais eficiente e criar harmonia, eficiência e saúde para todos. Ter meios de vida que considerem outros seres, outras formas de vida, o respeito e dignidade próprios e dos outros presentes e passados, as futuras gerações, a sustentabilidade e a melhor qualidade da vida.

Esforço Correto - dedicar-se constante e assíduamente ao caminho de obter os ideais de fé religiosa, ética, eduação, política, economia e saúde produzindo e aumentando o que é bom e prevenindo e eliminando o que é mal.

Atenção Correta - manter-se atento garante que com a correta consciência e percepção nunca sejam esquecidos os objetivos ideais de fazer o bem a todos os seres. Na vida diária é agir com cuidado e atenção, pois qualquer momento desatento pode causar um desastre. Do ponto de vista Budista tradicional significa manter constante atenção à impermanência, sofrimento, não-eu.

Concentração Correta - aqui a referência é aos Dhyanas ou estados meditativos. Manter a mente calma e concentrada para permitir a manifestação da sabedoria completa e verdadeira a partir da qual surgem os pensamentos e ações corretas. Manter a mente clara e brilhante ativa em tranquilidade, tranquila em atividade.

  Vemos o símbolo do caminho óctuplo em nosso uniforme como: 




Fontes: http://www.monjacoen.com.br/textos-budistas/textos-da-monja-coen/137-quatro-nobres-verdades
http://www.antroposofy.com.br/wordpress/os-oito-passos-do-caminho-do-meio/
http://animamundhy.com.br/blog/buda-4-nobres-verdades-caminho-octuplo-libertacao-humana

Bibliografia utilizada:

Essentials of Buddhism - Basic Terminology and Concepts of Buddhist Philosophy and Practice (Primeira Edição 1996)

Autor: Kôgen Mizuno - Autoridade em Budismo Primitivo e Pali, foi Presidente da Universidade de Komazawa, em Tóquio onde ensinava também Budismo.

Editora: Kosei Publishing Co, - Tokyo - Japan

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