27 de nov. de 2015

Vitória.





  "Treine duro por anos para uma batalha de dez segundos."
 "Treinei para lutar contra uma divindade e enfrentei um humano."
 

    Essas entre muitas outras frases me passaram pela cabeça e pelas minhas pesquisas antes de escrever esse texto.
   
    Por que  lutamos?
    Estamos em uma era onde a vida pode ser tirada por um homem sem preparo, munido de uma arma de fogo e maldade em seu coração, em uma era em que a malicia impera até mesmo nos combates desarmados, e até os mais sedentários tem a sua disposição filmes de luta, documentários marciais, canal de 24 horas de luta na TV a cabo, videos de violência explicita  no youtube, logo não está totalmente desarmado.
   Por que treinamos tanto?
   Por que nos matamos em exercícios e repetições sem fim?

   Acredito que essas respostas podem mudar de acordo com cada praticante, mas não posso me furtar de passear sobre esses questionamentos e suas variantes.


    Em uma era de homens armados.

  Treinamos a cada dia nossa percepção e nossa intuição sobre o perigo.
  Pode passar despercebido as vezes, mas com o cotidiano de treinamento como efeito colateral, passamos a ficar atentos a possíveis ataques e certas expressões corporais características de um possível agressor, começamos a entender melhor o espaço ao nosso redor e como utiliza-lo, reconhecemos também nossa natureza, em que situação nos sentimos mais confortáveis perante uma possível ameaça.


  O verdadeiro adversário.

   Somos todos irmãos! E não só os praticantes, mas todos, absolutamente todos.
 
   Talvez não tenham percebido, mas a vida é feita de batalhas, sejam elas físicas, filosóficas, emocionais, espirituais, héticas, estamos sempre em batalhas e é aí que a arte marcial entra, pois ela nos testa e condiciona, condiciona a mente a não desistir, o espirito a vencer os medos, a controlar nossas ansiedades, a ver a vida com mais calma e atenção.

   A arte marcial praticada com seriedade muda o individuo por inteiro, nas primeiras aulas pouca coordenação, poucas flexões, poucas abdominais, falta de folego durante todo o treino, dores insuportáveis no dia seguinte. Esse é o primeiro grande teste, e o praticante retorna do treino seguinte, e faz dessa dor e dessas dificuldades seu cotidiano, e sem que perceba volta pra casa preocupado com o chute que não consegue executar, ou com a definição defeituosa na matéria para o exame, sem se dar conta das flexões que faz sem dificuldades, das abdominais que conclui sem perceber, e da respiração concentrada e inabalada após todo o treino.

   Assim com o passar dos dias acabamos por nos viciar no desafio, nas dificuldades, sem nem si quer dar conta de todo o percurso.
   E como tudo na arte marcial, essa acescência de superação adentra em nossos subconscientes e nos torna mais competitivos, mais determinados.
   Assim um praticante se torna um artista, pois somente quando se faz da superação algo cotidiano, é que se percebe que seu verdadeiro adversário é você mesmo.

   É seguro afirmar que a dificuldade está diretamente relacionada ao seu preparo.
  Despreparado, uma maratona é impossível, ou muito difícil.
  Treinando todos os dias uma maratona é apenas um dia como qualquer outro.


  Superação.
 
    De tempos em tempos a vida nos traz a oportunidade de testar nossas habilidades.
Felizmente na vida marcial a maioria dessas oportunidades são facultativas, como maior exemplo dessas oportunidades temos o exame de faixa, e recentemente tivemos o campeonato.

   Nossos mestres sempre nos dizem que nós já somos vencedores por chegarmos até ali.

   Eu pessoalmente passei anos acreditando que isso era algo dito apenas para apaziguar o nervosismos, mas com o amadurecimento percebo que não era bem assim.

    Quantas chances tivemos para desistir?
    Quantos treinos até a exaustão tivemos?
    Quantos movimentos repetimos?
    E no fim ainda vem o medo, a insegurança, o nevrosismo, a duvida.

     Sendo no exame de faixa, em um campeonato, no término de um treino, ou na simples conclusão de uma série de exercícios, SIM, nós somos vencedores! Somos vencedores na eterna batalha contra nós mesmos! Nós continuamos quando todo nosso corpo tremia, quando nossa mente repetia inúmeras vezes que não dava mais, quando optamos por treinar quando poderíamos estar fazendo qualquer outra coisa! Nós vencemos!


            Deixo aqui minha homenagem e meus aplausos à todos vocês que vencem todos os dias!


 

Imagens: http://www.paraisosaudiovisuais.com/
Texto: Rafhael de Oliveira Silva Salles.  



Nenhum comentário:

Postar um comentário