14 de abr. de 2016

As Nobres Verdades.

De acordo com o budismo, durante a sua iluminação, Siddarta compreendeu as causas do sofrimento e os caminhos necessários para eliminá-lo. Estas descobertas tornaram-se conhecidas como as Quatro Nobres Verdades, que são o coração dos ensinamentos budistas. Com a realização dessas verdades, um estado de suprema liberação, ou nirvana, é acreditado ser possível ao alcance de qualquer ser. O Buda descreve o nirvana como um estado perfeito de paz mental livre de toda ignorância, inveja, orgulho, ódio e outros estados aflitivos. Nirvana é também conhecido como o fim do ciclo samsárico, em que nenhuma identidade pessoal ou limites da mente permanecem.


As Quatro Nobres Verdades, de acordo com os textos canônicos, são a Verdade do Sofrimento, a Verdade da Causa do Sofrimento, a Verdade da Extinção do Sofrimento e a Verdade do Caminho de Oito Aspectos para a Extinção do Sofrimento.

Sofrimento

A importância da Verdade do Sofrimento (dukkha-satya, dukkha-sacca) é a necessidade primordial de ver a realidade como é. Em termos do absoluto, o relativo é incompleto, repleto de contaminações e sofrimentos.

Há oito espécies de sofrimento: nascimento, velhice, doença, morte, contato com o que detestamos, separação do que amamos, objetivos inalcançáveis e o sofrimento inerente ao apego aos cinco agregados (elementos psicofísicos: forma - rupa,sentimentos - vedana, percepção - samjna, sanna, constituintes mentais - samskara, sankhaara e consciência - vijnana, vinnana. Coletivamente são chamados de numa (nome) e rupa (forma). Assim o composto de nome-forma é um sinônimo dos cinco agregados. Tanto os agregados físicos como mentais são caracterizados pela impermanência, sofrimento e não-eu.

Causa do Sofrimento

Na Verdade da Causa do Sofrimento (samudaya-satya, samudaya-sacca) a palavra da Índia traduzida como "causa" significa "vir junto, formar-se conjuntamente e surgir, aparecer". O Sutra considera apego como a causa do sofrimento. Há três tipos de apegos:

Apegos sensuais, dos cinco desejos ou seja, dos desejos resultantes dos objetos dos cinco sentidos. 

Apego mundano.

Apego por existência se refere a existência superior, nos níveis celestiais, de renascimento nesses estados. É ainda um aspecto egoista.

Apego à não-existência é o desejo pelo nada, como condição de paz interior, considerado egoísta. Alguns traduzem não existência como apego à prosperidade desde que a palavra Vibhara também pode ter esse sentido. Os comentários tradicionais interpretam como não-existência e é nesse sentido que aqui interpretamos.


Extinção do Sofrimento

O Sutra define a Verdade da Extinção do Sofrimento (nirodha-satya, nirodha-sacca) como a eliminação dos apegos e o estado de Nirvana.

Sutras primitivos descrevem Nirvana como eliminação das máculas, extinção da ganância, raiva e ignorância. Neste contexto a extinção do sofrimento é Nirvana.

O Caminho


O “Caminho do Meio” foi ensinado por Sidarta Gautama, o Buda ( O Desperto) há mais de 2.500 anos atrás. Este caminho, procura evitar todos os extremos, levando o homem a viver uma vida baseada na prudência, retidão, sabedoria e meditação. Também conhecido como Nobre Caminho Óctuplo, não pode ser considerado simples mandamentos budistas, pois não foram inventados por Buda. Ele apenas explicou, detalhou e divulgou para todos os interessados, qual a via que leva o homem à libertação da dor e do sofrimento. Esta via contempla oito aspectos do comportamento humano a saber:

A Verdade do Caminho (marga-satya, magga-sacca) se refere á extinção do sofrimento, ao caminho de prática e ao nirvana. Conhecido como O Caminho Nobre de Oito Aspectos ou Oito Passos (arya-astangika-marga, ariya-aatthangika-magga). Embora estudados individualmente cada aspecto faz parte de um todo orgânico e indivisível.

Ponto de Vista Correto - sabedoria e compreensão das Quatro Verdades Nobres e da Origem Interdependente. Alguns consideram como Fé Correta, para os de pouca experiência que ainda não adentraram o nível da sabedoria superior.

Pensamento Correto - pensamento ou determinação que precede ação ou fala. Para uma pessoa ordenada é a prática do pensamento correto através da mente cada vez mais gentil, compassionada e pura. Para os leigos é pensar corretamente sobre sua situação e agir determinadamente de acordo.

Fala Correta - surge do pensamento correto. Não mentir, não usar linguagem pesada, não falar mal dos outros, não caluniar, não falar frivolamente e usar a fala beneficiando a todos e conduzindo à harmonia, pela ternura que nutre a todos os seres.

Ação Correta - surge do pensamento correto. Não matar, não roubar, não cometer adultério. É praticar boas ações como a de proteger e cuidar de todos os seres, observando os valores éticos.

Meio de Vida Correto - conduta correta na maneira de viver, de se manter, com hábitos regulares e saudáveis de dormir, comer, trabalhar, fazer exercícios, descansar. Viver de maneira a melhorar a saúde, ser mais eficiente e criar harmonia, eficiência e saúde para todos. Ter meios de vida que considerem outros seres, outras formas de vida, o respeito e dignidade próprios e dos outros presentes e passados, as futuras gerações, a sustentabilidade e a melhor qualidade da vida.

Esforço Correto - dedicar-se constante e assíduamente ao caminho de obter os ideais de fé religiosa, ética, eduação, política, economia e saúde produzindo e aumentando o que é bom e prevenindo e eliminando o que é mal.

Atenção Correta - manter-se atento garante que com a correta consciência e percepção nunca sejam esquecidos os objetivos ideais de fazer o bem a todos os seres. Na vida diária é agir com cuidado e atenção, pois qualquer momento desatento pode causar um desastre. Do ponto de vista Budista tradicional significa manter constante atenção à impermanência, sofrimento, não-eu.

Concentração Correta - aqui a referência é aos Dhyanas ou estados meditativos. Manter a mente calma e concentrada para permitir a manifestação da sabedoria completa e verdadeira a partir da qual surgem os pensamentos e ações corretas. Manter a mente clara e brilhante ativa em tranquilidade, tranquila em atividade.

  Vemos o símbolo do caminho óctuplo em nosso uniforme como: 




Fontes: http://www.monjacoen.com.br/textos-budistas/textos-da-monja-coen/137-quatro-nobres-verdades
http://www.antroposofy.com.br/wordpress/os-oito-passos-do-caminho-do-meio/
http://animamundhy.com.br/blog/buda-4-nobres-verdades-caminho-octuplo-libertacao-humana

Bibliografia utilizada:

Essentials of Buddhism - Basic Terminology and Concepts of Buddhist Philosophy and Practice (Primeira Edição 1996)

Autor: Kôgen Mizuno - Autoridade em Budismo Primitivo e Pali, foi Presidente da Universidade de Komazawa, em Tóquio onde ensinava também Budismo.

Editora: Kosei Publishing Co, - Tokyo - Japan

27 de nov. de 2015

Vitória.





  "Treine duro por anos para uma batalha de dez segundos."
 "Treinei para lutar contra uma divindade e enfrentei um humano."
 

    Essas entre muitas outras frases me passaram pela cabeça e pelas minhas pesquisas antes de escrever esse texto.
   
    Por que  lutamos?
    Estamos em uma era onde a vida pode ser tirada por um homem sem preparo, munido de uma arma de fogo e maldade em seu coração, em uma era em que a malicia impera até mesmo nos combates desarmados, e até os mais sedentários tem a sua disposição filmes de luta, documentários marciais, canal de 24 horas de luta na TV a cabo, videos de violência explicita  no youtube, logo não está totalmente desarmado.
   Por que treinamos tanto?
   Por que nos matamos em exercícios e repetições sem fim?

   Acredito que essas respostas podem mudar de acordo com cada praticante, mas não posso me furtar de passear sobre esses questionamentos e suas variantes.


    Em uma era de homens armados.

  Treinamos a cada dia nossa percepção e nossa intuição sobre o perigo.
  Pode passar despercebido as vezes, mas com o cotidiano de treinamento como efeito colateral, passamos a ficar atentos a possíveis ataques e certas expressões corporais características de um possível agressor, começamos a entender melhor o espaço ao nosso redor e como utiliza-lo, reconhecemos também nossa natureza, em que situação nos sentimos mais confortáveis perante uma possível ameaça.


  O verdadeiro adversário.

   Somos todos irmãos! E não só os praticantes, mas todos, absolutamente todos.
 
   Talvez não tenham percebido, mas a vida é feita de batalhas, sejam elas físicas, filosóficas, emocionais, espirituais, héticas, estamos sempre em batalhas e é aí que a arte marcial entra, pois ela nos testa e condiciona, condiciona a mente a não desistir, o espirito a vencer os medos, a controlar nossas ansiedades, a ver a vida com mais calma e atenção.

   A arte marcial praticada com seriedade muda o individuo por inteiro, nas primeiras aulas pouca coordenação, poucas flexões, poucas abdominais, falta de folego durante todo o treino, dores insuportáveis no dia seguinte. Esse é o primeiro grande teste, e o praticante retorna do treino seguinte, e faz dessa dor e dessas dificuldades seu cotidiano, e sem que perceba volta pra casa preocupado com o chute que não consegue executar, ou com a definição defeituosa na matéria para o exame, sem se dar conta das flexões que faz sem dificuldades, das abdominais que conclui sem perceber, e da respiração concentrada e inabalada após todo o treino.

   Assim com o passar dos dias acabamos por nos viciar no desafio, nas dificuldades, sem nem si quer dar conta de todo o percurso.
   E como tudo na arte marcial, essa acescência de superação adentra em nossos subconscientes e nos torna mais competitivos, mais determinados.
   Assim um praticante se torna um artista, pois somente quando se faz da superação algo cotidiano, é que se percebe que seu verdadeiro adversário é você mesmo.

   É seguro afirmar que a dificuldade está diretamente relacionada ao seu preparo.
  Despreparado, uma maratona é impossível, ou muito difícil.
  Treinando todos os dias uma maratona é apenas um dia como qualquer outro.


  Superação.
 
    De tempos em tempos a vida nos traz a oportunidade de testar nossas habilidades.
Felizmente na vida marcial a maioria dessas oportunidades são facultativas, como maior exemplo dessas oportunidades temos o exame de faixa, e recentemente tivemos o campeonato.

   Nossos mestres sempre nos dizem que nós já somos vencedores por chegarmos até ali.

   Eu pessoalmente passei anos acreditando que isso era algo dito apenas para apaziguar o nervosismos, mas com o amadurecimento percebo que não era bem assim.

    Quantas chances tivemos para desistir?
    Quantos treinos até a exaustão tivemos?
    Quantos movimentos repetimos?
    E no fim ainda vem o medo, a insegurança, o nevrosismo, a duvida.

     Sendo no exame de faixa, em um campeonato, no término de um treino, ou na simples conclusão de uma série de exercícios, SIM, nós somos vencedores! Somos vencedores na eterna batalha contra nós mesmos! Nós continuamos quando todo nosso corpo tremia, quando nossa mente repetia inúmeras vezes que não dava mais, quando optamos por treinar quando poderíamos estar fazendo qualquer outra coisa! Nós vencemos!


            Deixo aqui minha homenagem e meus aplausos à todos vocês que vencem todos os dias!


 

Imagens: http://www.paraisosaudiovisuais.com/
Texto: Rafhael de Oliveira Silva Salles.  



12 de jun. de 2015

Mestre-Pai




"Sifu (literalmente "Mestre-Pai") é líder da Família Kung Fu. Ser "Mestre-Pai" não é uma alusão à idade cronológica (muitos mestres tem idade para ser filho de seus discípulos), mas sim à experiência alcançada na prática do Kung Fu, o conseqüentemente decorre no conhecimento da vida.
Mestre não é aquele que tudo consegue fazer, mas sim aquele que sabe até onde é capaz de fazer. Ele não vai a busca de alunos ou teme que os mesmos o deixem. Se uma pessoa sincera deseja uma orientação na difícil trajetória do Kung Fu, o Sifu está disposto a atuar como guia."

     Impressionante ver tais qualidades de nosso querido Mestre sendo retratadas em quaisquer lugar que  forem buscar a definição de mestre.

    Sim, pois mestre e professor são coisas muito diferentes, nosso mestre nunca se limitou ao dojo, ou as atividades praticadas nele.

    Mesmo eu uma pessoa super reservada enquanto a muitos dos meus problemas já tive diversas conversas sobre minha vida com o Mestre, quantos dos alunos (se não todos) já foram aconselhados pelo mestre, ou já receberam seus "carinhosos" avisos de que o caminho estava errado.
   Quantos de nós tiveram a vida e a concepção sobre a mesma completamente alterada graças ao toque desse Mestre.
    
    Eu me sentiria completo mesmo se não tivesse aprendido nem um soco se quer, nem um chute, ou nem um sistema de combate. Para que ele seja nosso Mestre ele só precisa ser ele.
    
    Mestre, não se trata do que o senhor nos ensinou a fazer com os punhos, ou do controle que nos ensinou a ter sobre o corpo, nem muito menos dos exercícios que nos fez superar. O senhor é nosso Mestre pela pessoa que nos ensinou a ser!
   
   E quando nos falta alguma palavra dita pela sua boca, temos sua vida como espelho, pois além do termo Mestre, os termos determinação, força de vontade, solidariedade, fraternidade e SUPERAÇÃO, são a personificação de sua pessoa.

   No dia do seu aniversário nós só temos a agradecer, pois o senhor é o nosso presente!


       Namastê!


                                       Rafhael de Oliveira Silva Salles.



 





Fonte:
http://www.anwctc.com.br/news/o-significado-de-sifu/

6 de set. de 2014

Definição.




Como é dito em um dos dogmas do Budismo, "devemos cultivar a plena atenção", e com a matéria cotidiana de nossa arte isso não é diferente.

Por praticarmos uma arte tão rica, as vezes fica um pouco complicado entender o que há de diferente entre um estilo e outro, também se torna bem complicado identificar essa natureza. Alguns, como já é de praxe, se adaptam quase que instantaneamente a um estilo e natureza, e por consequência, tendem a ter imensa dificuldade em outros.

Como por exemplo, quem tem tendência a Aves vai sofrer pra aprender cavalo, carneiro, entre outros. Só que se foque fácil não precisaria de treino.

Esta postagem se direciona à isso. Pois bem, como um tutorial para a boa pratica, não pretendo passar nenhum exercício, pois cada Mestre tem sua metodologia, mas, há algo que se aplica a tudo, um preceito que deve ser seguido a todo tempo, e, muitas vezes, é esquecido. A PLENA ATENÇÃO.

As vezes, por afobação ou garra, ou excesso de energia, acaba-se não se atendo aos detalhes. Quando se trata de definição de estilo principalmente, no qual você não é nativo, é necessário uma atenção redobrada, calma, e principalmente tato.

Eu uso os seguintes questionamentos antes mesmo de começar qualquer movimentação:

1º - Como é o porte de quem é "natural" do estilo?

2º - Como o Animal se movimenta na vida real?

3º - Qual elemento eu atribuiria ao Estilo?

4º - Como é esse Animal, e como o praticante natural desse estilo tende a se sentir durante a movimentação?

Após pensar sobre isso tento me por no lugar e agir o mais próximo possível. Não é uma tarefa fácil. Para ter certeza de que a movimentação está eficiente e dentro do estilo, faço todas as movimentações bem lentamente, várias vezes, e com muita atenção, para só após deixar fluir como se deve como estilo.

Isso não é uma regra (eu acho), mas acredito que deve-se criar um método para manter a plena atenção, e alcançar o maior desempenho e definição de cada estilo. Esse foi o meu, cada um com o passar do tempo cria o próprio.

É bom ressaltar também que esse treino eu faço em casa sozinho, pois atrapalharia o andamento dos treinos dos meus irmãos, mesmo que se trate de seu próprio estilo. Uma auto avaliação sempre traz bons resultados.

Lembre-se também que cada estilo ou grupo de estilos tem uma gama de matérias e que certos condicionamentos devem ser feitos para alcançá-los, com bom alongamento e controle de perna para aves, e pulso firme e resistente para carneiro.

Pergunte a seu mestre como se desenvolver para maximizar cada estilo que você esteja treinando. Lembre-se, você é o único responsável pelo seu avanço, "Seu futuro é consequência do que você faz do presente". Bons Treinos!


Bons Treinos!

21 de ago. de 2013

Homenagem aos Recem Graduados ! Parabéns



Os 14 Preceitos Budistas. 

1) Não idolatre ou se prenda a nenhuma doutrina, teoria ou ideologia, mesmo as Budistas. Os sistemas Budistas de pensamento são apenas guias e não verdades absolutas.



2) Não pense que seu conhecimento atual é imutável e absolutamente verdadeiro. Evite ter uma mente fechada e presa apenas as suas visões atuais. Aprenda e pratique o desapego de suas opiniões de maneira a estar aberto a ouvir o ponto de vista dos outros. A verdade é encontrada na vida e não apenas no conhecimento conceitual. Esteja pronto para aprender durante toda a sua vida e a observar a realidade em você e no mundo, a todo momento.



3) Não imponha aos outros, inclusive às crianças, de maneira alguma, a adoção de suas opiniões, seja pela autoridade, coerção, dinheiro, propaganda ou mesmo educação. Por outro lado, através da argumentação, auxilie outros a renunciarem ao fanatismo e à mente fechada.



4) Não evite o sofrimento ou feche seus olhos frente a ele. Não perca a consciência da existência do sofrimento na vida diária. Encontre maneiras de estar com aqueles que estão sofrendo, seja através de contato pessoal, visitas, imagens e sons. Desta maneira acorde e acorde outros para a realidade do sofrimento no mundo.



5) Não acumule riquezas enquanto milhões estão famintos. Não tenha como objetivos de sua vida a fama, lucro, riqueza ou os prazeres carnais. Viva de maneira simples e compartilhe seu tempo, energia e recursos com aqueles que realmente precisam.








6) Não cultive raiva e ódio. Aprenda a penetrar e transformar estes sentimentos enquanto eles ainda semeiam sua consciência. Tão logo eles apareçam, volte sua atenção a sua respiração de maneira e ver e entender a natureza de seu ódio.



7) Não se perca, não disperse seu pensamento. Pratique a meditação para voltar ao seu momento presente, ao que ocorre neste momento. Esteja em contato com as coisas maravilhosas, refrescantes e saudáveis tanto dentro de você como ao seu redor. Plante em você sementes de alegria, paz e aceitação de maneira a facilitar o processo de transformação que ocorre nas profundezas de sua consciência.



8) Não use palavras que possam gerar discórdia ou causar cisões em sua comunidade. Faça todos os esforços para reconciliar e resolver todos os conflitos, mesmo os menores.



9) Não diga inverdades para obter vantagens ou impressionar pessoas. Não profira palavras que dividão e gerem ódio. Não espalhe notícias ou informações que você não está certo de serem verdades. Não critique ou condene coisas das quais você não está tão certo. Sempre seja verdadeiro e construtivo. Tenha a coragem de dar um passo a frente e criticar injustiças, mesmo que ao fazer isto você ameace sua própria segurança.



10) Não use a comunidade Budista para ganho pessoal ou lucro, ou transforme sua comunidade em uma força política. Uma comunidade religiosa deve, por outro lado, se opor a qualquer opressão e injustiça e deve lutar para mudar a situação, sem entrar em conflitos partidários ou ideológicos.



11) Não conviva com uma vocação que é maléfica aos humanos ou à natureza. Não invista em empresas que privem outros de suas possibilidades de vida. Escolha uma vocação que te permita realizar o ideal da compaixão.



12) Não mate. Não deixe que outros matem. Encontre qualquer maneira possível de proteger a vida e evitar guerras e conflitos.



13) Não possua nada que deva ser de outra pessoa. Respeite a propriedade dos outros, mas impeça que outros lucrem com o sofrimento humano ou o sofrimento de outras espécies do planeta.



14) Não maltrate o seu corpo. Aprenda a cuidá-lo com respeito. Não pense no seu corpo apenas como um instrumento. Preserve suas energias vitais (sexual, espiritual, respiração) para a realização de seu Caminho. (Para irmãos e irmãs que não são monges ou freiras:) Suas expressões sexuais não devem ser sem amor e comprometimento. Em uma relação sexual tenha consciência do sofrimento que pode ser causado no futuro. Para preservar a felicidade de outros, respeite seus direitos e compromissos. Esteja plenamente consciente da responsabilidade de trazer novas vidas a este mundo. Medite sobre o mundo para o qual você está trazendo novos seres.








30 de mai. de 2013

Mudras

          Mudra é uma palavra com origem no sânscrito e em sua tradução literal, contemplamos a palavra “selo”.  Geralmente são demonstrados com as mãos através de gestos nas mais diversas formas de cultura, entretanto, existem mudras utilizados com todo o corpo ou com um simples olhar. Está presente em muitas manifestações artísticas, religiosas e meditativas.  Por se tratar de um tema muito amplo, torna-se difícil mensurar com precisão o surgimento do conceito na história. Está amplamente presente em países do oriente, principalmente na Índia, em suas danças, na prática de yoga, no hinduísmo, budismo e nas artes marciais.

Listamos abaixo algumas formas de uso dos mudras:

- Meditação 

         Muito comum na prática de yoga e reiki, os mudras auxiliam os praticantes a atingirem estados em sua consciência, bem como estimular as diferentes energias que circulam pelo corpo e em todo o ambiente ao nosso redor. Muitos são os mudras encontrados nessas práticas, passando por básicos (Chin,  Chinmaya, Adi, Brahma, etc) chegando aos avançados (Prana), onde mãos, postura do corpo, mente e respiração são sincronizados em um único exercício.

Chin Mudra: com o dedo indicador em formato circular, encaixando-se no polegar, esse mudra enfatiza o maior objetivo da prática do yoga: o aprofundamento e integração da alma individual à alma universal. Além de proporcionarem um fluxo de energia completo, passando por todo o corpo e sendo transmitidos através do tocar das costas das mãos sobre o joelho, formando o círculo de energia no indicador e polegar. Ao mesmo tempo em que se recebe e transmite essa energia para o todo através dos outros dedos esticados.

Chin Mudra

Brahma Mudra: este mudra é essencialmente utilizado como restaurador do equilíbrio da saúde, mente e espírito. Faz referência direta ao primeiro deus da trindade de deus no hinduísmo e representante da força criativa no universo. Com as mãos sobre a coxa, mantendo a ideia de ciclo contínuo em todo o corpo, dessa forma, as mãos são voltadas para cima e os polegares encobertos pelos demais dedos resultada no fechamento das mãos.

 Brahma Mudra
Brahma Mudra: postura das mãos

- Budismo 

          Sempre relacionados a um mantra e uma mandala. Juntos eles formam os três segredos do universo: pensamento, verbo e ação.

Abhaya Mudra: o mudra do destemor. Representa proteção, paz, benevolência e dispersão do medo. Está intimamente ligada ao primeiro Buda (Sidarta Gautama), quando ameaçado por um elefante enfurecido, foi capaz de acalmá-lo com o gesto desse mudra.  Remete-nos a um dos ensinamentos mais belos do budismo: nada tema.


Abhaya Mudra

Bhumisparsha Mudra: é um dos mudras mais antigos da história do budismo. Sidarta Gautama, o primeiro Buda, antes de atingir a iluminação, meditava sob a árvore Bodhi, onde foi atacado por Mara, o demônio, com seu numeroso exército de monstros para impedir que Sidarta prosseguisse em sua jornada para a iluminação. Ao perceber que não teria sucesso por esse meio,  Mara clamou pelo lugar de Sidarta dizendo que seus feitos espirituais eram muito mais dignos e maiores que os de Sidarta. Foi quando todo o exército de Mara gritou: “somos sua testemunha nesse feito!” Confiante, Mara perguntou “quem irá falar a seu favor?” , foi quando Sidarta esticou sua mão direita em direção ao solo, e ao tocá-lo, toda a existência exclamou “eu sou sua testemunha!”. Mara, impotente diante de tal feito, desaparece e Sidarta atinge o estado de iluminação, tornando-se o primeiro Buda.

 Bhumisparsha Mudra


Bhumisparsha Mudra

Dharmacakra Mudra: o primeiro ensinamento transmitido por Sidarta Gautama após atingir a iluminação. Representa toda a essência do darma (conhecimento) e sua postura remete ao infinito “girar” da roda desse conhecimento/energia. As mãos são posicionadas em frente ao peito, os polegares formam círculos com os indicadores e a palma da mão direita é exposta para fora enquanto a palma da mão esquerda é virada para o nosso interior.

 Dharmacakra Mudra

Dharmacakra Mudra

Dhyana Mudra: um dos mudras mais utilizados na prática meditativa. Representa o equilíbrio perfeitos na junção da mão esquerda (sabedoria) com a mão direita (método), ambos não teriam sentido sem essa coexistência. Promove a energia para a meditação, profunda contemplação e unificação com as energias superiores.

 Dhyana Mudra
Dhyana Mudra

Varada Mudra: o mudra “favorável”. Sinônimo de receptividade, caridade, compaixão, compartilhamento e sinceridade. Representa a salvação da humanidade da ganância, ódio e desilusão.

Varada Mudra

Vajra Mudra: o mudra do raio/trovão divino. Considerado a postura do conhecimento, a prática do Vajra estimula a circulação sanguínea, auxiliando para aqueles com problemas de cansaço.  Faz referência aos nove selos utilizados na meditação das nove sílabas, onde é invocando a energia de Indra, rei dos céus e aquele que manipula os relâmpagos no hinduísmo.

 Vajra Mudra
Vajra Mudra

Vitarka Mudra: é conhecido como o gesto que inspira a transmissão do conhecimento, discussão e argumento dos ensinamentos budistas. O toque do dedo indicador com o polegar representa essa troca de energia/ensinamentos.

Vitarka Mudra

Karana Mudra: o mudra responsável por expulsar energias maléficas à vida, remover obstáculos como doenças e pensamentos negativos. De acordo com o Feng Shui, é recomendável que as imagens que estejam com esse mudra, fiquem em locais vulneráveis a esses tipos de males como escritório e residência. Caso esteja na residência, deverá ficar em locais próximos a janela e/ou em áreas de prática meditativa.

Karana Mudra
Karana Mudra

- Artes marciais 
          
          Os mudras são usados em posturas de combate em diversas artes marciais do oriente, principalmente no wushu e em algumas artes marciais tradicionais japonesas presentes no kobudo.

          No Wayshia Kempo, é comum vermos o uso dos mudras nas práticas meditativas (zazen), nos estilos monásticos de luta e nas terapias de cura (reiki e qigong). 

          http://en.wikipedia.org
          http://buddhism.about.com

7 de mai. de 2013

Lavando os pratos enquanto estiver lavando os pratos


“Enquanto estiver lavando os pratos, deveríamos apenas lavar os pratos, o que quer dizer que enquanto lavamos os pratos deveríamos estar completamente conscientes do fato que estamos lavando os pratos. Parece meio bobo assim à primeira vista: porque dar tanta preocupação para uma coisa simples? Esse é exatamente o ponto. O fato que eu estou lá em pé lavando aqueles pratos é uma realidade incrível. Estou sendo completamente quem sou, seguindo minha respiração, consciente da minha presença, e consciente dos meus pensamentos e ações. Não há como ser lançado dali inconsciente como se fosse uma garrafa batendo nas ondas aqui e ali.

(…)

Se enquanto estivermos lavando os prato pensarmos somente na xícara de chá que nos espera, assim apressando a lavação dos pratos que eu possa me livrar deles como se fossem um transtorno, então não estamos “lavando os pratos para lavar os pratos”. Mais que isso, não estamos nem vivos durante o tempo que estamos lavando os pratos. Na verdade, estamos completamente incapacitados de perceber o milagre da vida enquanto estamos ali na pia. Se não conseguimos lavar os pratos, há grandes chances de não conseguirmos tomar nossa xícara de chá também. Enquanto tivermos bebendo o chá, estamos pensando em outras coisas, dificilmente conscientes da xícara em nossas mãos. Assim somos sugados para o futuro --- e incapazes de viver sequer um único minuto de vida.“

Viva o momento ^__^  Namastê 

Fonte: livro O Milagre da Atenção Plena, escrito por Thich Nhat Hanh