Como podemos verificar na nossa
sociedade a busca por práticas ditas marciais, na sua grande maioria, se mantém
atrelada ao aprimoramento físico, mas, sobretudo a busca de um “belo corpo”. Podemos verificar que as artes marciais entraram na categoria de atividades
desportivas, fazendo com que as mesmas perdessem parte de sua tradição
filosófica, diretamente vinculada a questões de caráter religioso.
Embora as técnicas de combate
corpo a corpo tenham sido desenvolvidas em um período que nos foge o alcance, o
Oriente Asiático acabou se tornando a referência para as sociedades ocidentais
no que diz respeito às artes marciais. As técnicas de condicionamento e as
demonstrações de sequências artísticas sempre chamaram muito a atenção dos
espectadores, que ao se tornarem praticantes buscaram o ápice do
aperfeiçoamento físico e técnico. No entanto, o contexto histórico-social dos
sujeitos do ocidente fez com que os valores culturais, nos quais as artes
marciais foram idealizadas, se adequassem aos interesses políticos distintos de
cada território.
Sendo assim, o que verificamos atualmente são
inúmeros estilos de combate que se desvincularam de suas origens, sem que com
isso se desvinculassem completamente de elementos gestuais que caracterizam a
relevância que a prática religiosa detinha para essas artes marciais. Como
exemplo, podemos citar a saudação que direcionamos a imagem de um Mestre, ou em
alguns casos para figuras históricas que, associadas à narrativa mítica, foram
consideradas enquanto patriarcas de diversos estilos marciais. Casos célebres,
e que praticamente todas as pessoas já ouviram falar, seriam os do monastério
de Shaolin ou os de Wudang que eram centros religiosos que desenvolviam o
aperfeiçoamento mental através do budismo e do taoísmo, respectivamente, mas
também eram locais de práticas marciais.
Atualmente, artes marciais como o
Karate, o Taekwondo, o Muay Thai, o Aikido, o Ninjutsu, o Kung-Fu, entre
outras, que mesmo sendo detentoras de inúmeras vertentes e estilos, efetuam
reverências aos seus patriarcas, mestres e fundadores como um meio de honrá-los
pelo esforço de manter esse conhecimento vivo. Os preceitos de não-violência,
equilíbrio mente-corpo, complementaridade yin/yang e técnicas meditativas ainda presentes em muitas artes marciais, também são inspirados em preceitos taoístas
e budistas.
Devemos observar, por fim, que independentemente dos ideais religiosos
que levaram à origem da arte marcial, o fato de ser um praticante da mesma não
pressupõe prática de alguma religião oriental, seja ela qual for. Logo, não há
qualquer adesão compulsória ou interação, seja ela positiva ou negativa, entre a religião escolhida
pelo praticante e aquela que influenciou a origem da arte. Porém, devemos
respeitar e procurar preservar esses ideais, visto que eles ultrapassaram
inúmeras gerações até hoje e são características intrínsecas de cada arte.
Fontes de consulta
ALMEIDA, João Miguel. 2004. Artes marciais e Universos
Religiosos. Lusitania Sacra, 16(2): 511-518.
APOLLONI, Rodrigo Wolff. 2004. Shaolin à Brasileira: Estudo
Sobre a Presença e a Transformação de Elementos Religiosos Orientais no Kung-Fu
Praticado no Brasil. Dissertação de Mestrado em Ciências da Religião. São
Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
COSTA, Matheus Oliva. 2011. Religiosidade Oriental e Artes
Marciais: um estudo de caso dos praticantes de Jeet Kune Do. Anais do XII
Simpósio da ABHR.
http://www.usashaolintemple.org/chanbuddhism-history/
http://www.daissen.org.br/hp/index.php?id=0&s=textos&txt_id=69
http://www.foosuee.com.br/index.php/liturgia/budismo/zen-budismo
Simplesmente perfeito *_*.
ResponderExcluirFico feliz que você tenha gostado!!! Cê sabe que a sua aprovação é essencial. E mais uma vez, muito obrigada pelo convite e pela oportunidade de poder pesquisar mais e me expressar.
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